segunda-feira, 28 de abril de 2008

Novamente 451

François Truffaut - responsável pelas cenas violentas de Farenheit 451

- É verdade que há muito tempo atrás os bombeiros apagavam incêndios em vez de queimarem livros?
- Bem, o seu tio tem razão. Você é um pouco maluca. "Apagavam incêndios"? Quem é que lhe disse isso?
- Não sei. Alguém. Mas é verdade?
- Mas que idéia estranha! Casas sempre foram à prova de fogo.
- A nossa não é.
- Bem, então será condenada um dia desses.
- Será uma pena.
- Diga-me, por que queima livros?
- O quê? É um trabalho como qualquer outro. Bom trabalho com muita variedade. Segunda, queimamos Miller. Terça, Tolstoi. Quarta, Walt Whitman. Sexta, Faulkner. Sábado e domingo Schopenhauer e Sartre.
- Então não gosta de livros?
- Gosta da chuva?
- Sim, adoro-a!
- Os livros são apenas lixo. Não tem interesse nenhum.
- Então, por que ainda há pessoas que os lêem sendo tão perigosos?
- Precisamente porque é proibido.
- Por que é proibido?
- Porque faz as pessoas ficarem infelizes.
- Acredita realmente nisso?
- Sim. Livros pertubam as pessoas. Tornam-nas anti-sociais.
- Você acha que eu sou anti-social?

É mesmo ficção o que Bradbury escreve?
Não sei, é um mundo cheio de sombras marcianas, lunares... Nebulosas!
A vida imita a vida. Truffaut usa a música de Bernard Hermann, o compositor favorito de Hitchcock. A arte imita a arte.

"Emotion transmitted/Emotion received/Music in the abstract/Positively."

Uma equação com muitas variáveis, certamente.
Algo entre o céu e a Terra e dezenas de justificativas. Vale a pena? Navegar é preciso, intensamente viver é preciso.

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