sábado, 3 de janeiro de 2009

Fragmentos de um conto

Uma mulher flutuando na água em Weeki Wachee Spring, Florida. Foto de Toni Frissell publicado em Harper’s Bazaar, dezembro de 1947.

Frank - O que você quer de mim?

Meredite - Todos os fragmentos, pensamentos e poros. Tudo isso e algo mais...
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- Ela não quer falar comigo. Alias, todas as pessoas que tentei falar ontem, à noite, me disseram não. Me sinto estranho, como se estivesse num mundo onde desconheço fatos, pessoas, cidades... Estou sem direção...

- Olha Frank , eu nem sei o que te dizer. Eu nem esperava te encontrar aqui.

- Pois é, eu não consigo ficar em casa. Uma angustia enorme toma conta e não sei o que fazer. Nunca estive numa situação parecida. Estou perdido.

- Não diga isso!

- Estou mesmo! Quero muito que o tempo ganhe uma velocidade tremenda. A cura talvez esteja nele, mas é tão devagar, tão torturante...É uma dor forte. Já deveriam ter inventado um remedio que vendesse em todas as farmacias. Não, melhor ainda, seria distribuido gratuitamente nas ruas: "Cure sua dor de amor agora! Basta tomar 2 comprimidos, 2 vezes ao dia, por uma semana"! E claro, além da cura, ele criaria uma certa resistencia, a próxima dor não seria tão intensa.

- Voce está maluco! Por que foi se apaixonar por alguem que não existe?

- Aaaaaah Cerys! Ela existe sim! Por que voce não acredita em mim?

- Porque eu nunca vi essa mulher! Onde ela está? Apenas nos seus sonhos? Vamos lá, Frank, de-me algo concreto!

- O que sinto é real. O que sinto é concreto, como diz. Eu não posso negar isso, simplesmente não posso! O que é que voce quer que eu faça? Eu me sinto muito bem quando estou com ela. E voce diz que não é real?!

- É por isso que se chama sonho, Frank, o que não está nessa dimensão... É por isso que eu quero que voce acorde e seja quem era antes de tudo isso começar...

- Eu não posso. Eu não posso ser mais o que era antes. Meredite mudou tudo em mim...

- Eu não sei mais o que fazer com voce... Juro que não sei...

- Eu sei o que você pode fazer por mim...

- O que eu posso fazer por você?

- Por favor, mate-me!

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