domingo, 19 de julho de 2009

A Fonte de Lemneth

Ele parece familiar... Se o conheço, não lembro de onde, mas a sensação é de que o conheço... Olhou sorrindo para mim como se estivesse dizendo: Seja bem-vinda! E perguntei:

- Onde estamos?

- Em Nova Iorque!

- Mentira!! É mesmo?!

- Por que o espanto? Tem algum lugar que gostaria de ir em especial?

- Sim, tenho. A ponte do Brooklin.

- Ok. Me dê sua mão, vamos sobrevoa-la...

- Não, não... Vamos à pé!

- Vai demorar muito!

- Que nada! Iremos cantando Fountain of Lamneth do Caress. Você lembra dessa música, não?

- Sim, eu lembro. Uma bela analogia à vida. A música tem seis partes e deve ter uns 15 minutos. Por que essa música?

- Vinte minutos. Não será o tempo suficiente para atravessar, mas podemos repetir a parte III - "Não tem ninguém na ponte"! Por isso eu a escolhi. É um rito de passagem... Especificamente na música, é quando você já pode se virar sozinho no mundo. Tem autonomia e teoricamente, não precisa de ninguém:

Remembering when first I held
The wheel in my own hands
I took the helm so eagerly
And sailed for distant lands
But now the sea's too heavy
And I just...I just don't understand
Why must my crew desert me?
When I need...I need a guiding hand...

Ainda lembro quando viajei sozinho pela primeira vez
Estava seguro de minhas decisões
Visitei as cidades mais distantes
Mas agora o fardo parece pesado
E não consigo entender, por que meus amigos se foram?
Logo agora que preciso... Preciso de ajuda...

Ele sorri e não diz mais nada. Acordei com a voz do Kevin Griffin cantando:

Não me acorde/Acho que estou sonhando
Dormi é fácil/Costumo perder tempo demais/Tenho esperado por uma oportunidade
Talvez um dia, não a deixarei passar despercebida

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Selvagem é o vento

Ele dizia muita coisa. Não se engane. Ele disse e não esqueceu. Em algum momento irá te convencer que esqueceu mesmo. Não se engane. Ele disse muita coisa. A maior parte nunca chegou aos ouvidos de ninguém...Importante... Dizer também, muito não foi dito porque sabia não fazer diferença naquele momento, nem fará agora. Nem é chegada a hora da partida. Ele diz que está aqui para sempre. Alguns perguntam e responde ser do destino a resposta para tal pergunta. No final do ano eu volto para lá. E quem sabe se volta mesmo? Ninguém sabe, nem ele próprio. É sabido que um dia se ajoelhou em frente ao cinema depois de uma sessão tumultuada do filme-terapia de um cineasta-soldado... Soldado a sua pátria. Sim, tão soldado que não conseguia imaginar outra coisa. Sim, ele era um soldado não de chumbo e voltou para contar histórias suas e inventar outras. Ele não esteve numa frente de batalha, nem sabia ao certo do que se tratava um full-metal-jacket... Assistiu os 40 minutos iniciais e depois saiu da sala... Que absurdo! Foi assim, disse ele. E quem irá saber se realmente foi? Sim, ele se ajoelhou e disse toda a fala do personagem ainda mais dramatica que a original. Ele diz que nossos dias não tem mais 24 horas. Como ele prova? Todos os dias provamos, responde, é preciso correr ainda mais rápida as horas para provar? Você não sente? Pergunta. Ninguém vê o vento e ninguém duvida da existencia dele. Ninguém mais acredita no que sente? Que absurdo! Ele disse muita coisa... Todas ao vento, como na canção do King Crimson, mas ninguém ouviu, muito menos o vento...

Foto da capa do album Wind & Wuthering do Genesis.

sábado, 11 de julho de 2009

A message for me from Neil Peart

A spirit with a vision is a dream with a mission

Zoe, we have a mission. Sabia disso antes mesmo de ser dito, mesmo assim foi dito.Todos os dias eu escrevo um livro. É o que diz o Sr.Costello. Não venha me dizer que eu não sei o que é amar... Desculpa, Mr. Costello... Sua frase foi mudada, confesso...Foi preciso. Será que me perdoas? Ou será que apenas cantas What’s so funny bout peace love & understanding e nada sentes? Como irei saber...
E assim, quando cheguei, lá estava ela, na porta a esperar, carregando o nome de um filme, que não é sci-fi, e sim de um policial. Na trilha “Le Sacre Du Printemps” de Igor Stravinsky.
A mente não pára de repetir "you have enter in twilight zone..." onde tudo é possível, tudo o que você tem a fazer é sentir.


You have entered the twilight zone
Beyond this world strange things are known
Use the key, unlock the door
See what your fate might have in store
Come explore your dreams creation
Enter this world of imagination


Deja vu?


If I had ever been here before I would probably know just what to do

Don't you?


- O que dizer sobre algo que já se viveu?
- Viveu? Quando?
- E eu vou saber? Você acha que eu tenho todas as repostas. Não, dear one, eu não tenho, nem quero ter...


And I feel
Like I've been here before
And you knowIt makes me wonder
What's going on under the ground


Eu não queria, mas a carrego por 13 anos. Mr.Taupin disse que era sobre a guerra civil americana e muitos foram os dedos apontando equívocos históricos. E se ele falasse de um legado, puro e simples, ainda haveria erro? Não creio. It's so easy, believe me. Tudo é mais simples do que imaginamos. Um dia, após outro, após mais um.


From this day on I own my father's gun


Mudança instalada.
Vejo uma vida organizada e deixada em cada canto, de voz, de parede, de dor e de alegria. Estamos tão perto. So far, so close... quero uma única visão de Santa Monica. Quero cantar na chuva. Será que todos têm desejos a realizar antes do dia final aqui?

- Você sabe dançar?
- Aprendi tango pra um personagem.
- Ele foi expulso do banker?
- Não, deixou de aparecer...


O tango era uma dança permitida apenas entre homens. Tudo muda. Poor Edward... Ele tem uma voz rouca, toca piano e tem uma aparência assustadora... É inglês?
- Ele bebe muito...
- Ah! Por que não disse antes?!

The key, the end, the answer


Em poucos quilômetros a paisagem muda radicalmente. Seeds. Um milagre irá acontecer aqui, mas quem acredita? Um portão. Seeds. É a passagem. Unlock the door e seja bem-vindo ao mundo dos que apreciam o mais belo viver!
As soon as this is over we'll go homeTo plant the seeds of justice in our bonesTo watch the children growing and see the women sewingThere'll be laughter when the bells of freedom ring

- Deja-vu!
- De novo?
- E agora? Am I a cinderella man?
- Cinderella man? O que significa isso?
- É só uma música...
- Ah, eu lembro. Fala de um cara que é louco, né?
- (Risos) Louco?!
- Sim, ele é louco! Delusions of grandeur/Visions of splendor/A manic depressive/He walks in the rain
- É assim que você me vê?
-Você que falou em Cinderella man...
- Ele pode ser "louco", é verdade... Doing what you can/ They can't understand/What it means/Hang on to your plans/Try as they mightThey cannot steal your dreams. Não vou deixar ninguém tirar nada de mim. Pode me chamar do que quiser. Eu acredito. Você, não?
- Eu não sei... Você me assusta...
- Por quê? Por que falo o que sinto?

E a chuva veio...

- Trovão?!
- Não, é um avião. A rota para Fortaleza passa aqui por cima.
- Não estou vendo... Ah, ali!
- Sou fascinada por avião!
- Eu também!


Fly by night, away from here
Change my life again


- Como você descobriu?
- (Caramba, e agora? O que vou responder?) Huuum, não faz pergunta difícil...
- Quero saber...
- Bem, gaita sempre me remete à deserto, poeira, western... Parecia trilha sonora de filme... essa combinação ajudou a eliminar 80%... (será que convenci? Ufa!)
- Impressionante...
- (Nem sei dizer como aconteceu... mas não foi nada lógico... de repente a música estava na minha frente!)
- Quando tiver outras pedirei sua ajuda
- (Podia ter dito: tomarei isso como um elogio - mas calei de tristeza e não por calar)

Todos os dias escrevo um livro...

Start a new chapter
Find what I'm after
It's changing every day
The change of a seasonIs enough of a reason
To want to get away

sábado, 4 de julho de 2009

A Escócia, Moz e você

Last night I dreamt... que estava na Inglaterra. Achei que era. Não, não era a terra do Moz que escreveu as primeiras palavras que abrem esse escrito. Não, não era a música de caminhos tortuosos, lá vamos nós!

- Que lugar é esse? Está escuro aqui...
- This place belongs to the king! Esse lugar pertence ao rei... E você não deveria estar aqui... (disse uma voz impostada cujo rosto era impossível enxergar).
- Que rei é esse?
- How dare you?! Como se atreve a perguntar de que rei falo?!
- Pergunto porque não sei de que rei estás a falar! Onde estou?
- Tudo aqui pertence ao rei. A povo não tem permissão de entrar para bisbilhotar os pertences do rei.


Ao sair olhei para cima. Lá estava: uma construção enorme, dois ou três andares, antiga, com algumas plantas trepadeiras espalhando-se pelas janelas. Algumas abertas, outras fechadas. E um céu muito azul acima.


O lugar foi transformado em uma universidade e fica situado no centro de Edimburgo. Não, não eram as ruas percorridas por diversos em bicicletas numa cidadezinha inglesa... Porém a desolação era a mesma. Aquele lugar trazia impregnado sentimento seculum seculorem... Um isolamento sem precedentes se abateu ali... Longe de tudo e de todos...


Não duvide. Converso com você, mesmo sem você saber. Afinal, você não lembra mesmo de seus sonhos. Então, isso me dá a liberdade de entrar neles a hora que quiser. Não necessito de seu consentimento para começar uma conversa sobre qualquer que seja o assunto. Afinal, my dear one, você não lembra mesmo de seus sonhos, não é?


Que país um dia você disse querer visitar?


Saiba que, lá já estivestes... Não é engraçado? E nem lembras dos belos castelos e praças enormes que percorrestes um dia. Nem tão pouco lembras de teus sonhos... Nem lembras de mim...


Para ti, que és o cego que um dia pode ver/os sinos dobram por ti.